Esses dias fiquei pensando sobre a tristeza do mundo. Não estou falando de depressão, ou do fato de muitos
gostarem de afirmar que esta é a doença do século XXI. Não. Estou falando de
algo muito mais profundo e delicado, que aos olhos de quem sente, pode parecer
indiferente. Mas o fato é que está ali há tanto tempo que nem faz mais cócegas,
ou melhor – quer dizer, pior - nem incomoda mais.
Em diversas rodas de
conversas e outros cafés filosóficos por aí, tentei imaginar como alguém
consegue suportar os sofrimentos sem perder o chão e sem acreditar em Deus. E
não consegui compreender. O que mais tenho percebido são pessoas muito
profundas, com um raciocínio enorme e até mesmo estável psicologicamente. Mas
que, na verdade, parecem gritar no seu interior. Não estou dando de psicóloga
para analisar o comportamento das pessoas. Bastou apenas ser sensível para
perceber a carência de algumas delas.
O que estou tentando dizer é
que essa tristeza é mais fruto de uma ausência de sentido da vida do que
propriamente uma dor originada por uma perda, por exemplo. É claro que perdas
intensificam sofrimentos. Mas eu acredito que essa angústia de alma, que, lá no
fundo, traz um tormento incompreensivo, é porque o ser humano tenta ser
entendido aos seus próprios olhos.
Aí, o problema está na hora
em que precisa se apegar em algo, ou buscar respostas aos questionamentos. O
que ele se depara é com vácuo, vazio de significados. Digo vazio, pois
o entendimento que o trouxe até aquele momento e que muitos se baseiam fortemente
para afirmar sobre o relativismo da vida, não foi suficiente para trazer
respostas ou preenchimento.
Você me diz que se apegar em
Deus é fantasiar demais, é creditar a uma divindade superior tudo o que eu não
consegui responder racionalmente. “Deus? Assim é muito fácil responder.” E sabe
o que eu posso te dizer? É, realmente é muito mais fácil mesmo. Mas isso não
torna a minha escolha menos inteligente.
Creio ser mais inteligente,
por ser mais saudável. Acredito em uma fé que pensa, e em uma razão que crê.
Mas se você quer algo científico a respeito disso, deixo com você Montesquieu:
em que ignorância é acreditar que tudo tenha surgido do nada, e que o óbvio,
olhando para toda existência, é que de fato, meu amigo, a ideia de um Criador
seja real.
E saudável, porque quebra
todo o meu orgulho, de que eu não posso resolver nada sozinha. É como se eu
ganhasse a capacidade de desligar o botão da preocupação. Não se trata de
apatia ou desleixo não. E sim, de confiança de que tem alguém que trabalha por mim. E esse alguém é Deus. Assim, simples assim, eu
não em meto em assuntos que não me cabem resolver.
Então, me diga você, por que
escolher sofrer sozinho, pensando na morte como um fim, sendo que, ela pode ser
lucro e um recomeço? Por que perder a alegria, depositando a felicidade em
coisas efêmeras só para suprir uma necessidade momentânea? Por quê? Por quê? Desculpe, mas é isso que eu
não consigo entender.
Você também me pergunta como
um conjunto de textos antigos pode refletir na minha vida hoje e exortar o que
eu devo ou não fazer? Você nunca leu um manual se quer de todos os equipamentos
tecnológicos que possui e sabe manuseá-los muito bem, não é mesmo? Mas se
formos refletir, você seria um fotógrafo muito melhor se estudasse cada detalhe
de sua máquina e seguisse as instruções corretamente, por exemplo. Você
perceberia que aquele simples objeto, agora mais completo e funcional, transformou
o seu conhecimento mediano em uma nova experiência.
Ler o manual foi um
retrocesso? Perda de tempo? Não, pelo contrário. Possibilitou uma caminhada em
busca da excelência do seu trabalho, com melhores fotos. Agora, você tem uma
visão muito além daquilo focado nas lentes da câmera. E eu? Bem, eu digo o
mesmo a respeito do meu Manual.
E sabe o que esse Manual
mais me ensinou? Que tem algo que pode preencher essa tristeza, algo que é do
tamanho exato e suficiente. Trouxe uma
razão, para o que antes era só loucura. Agora, posso ter uma coisa sólida nesse
mundo e que não se desmancha ou traz frustrações. Porque, estas palavras não
são fonte de coisas inúteis, mas sim, e com toda a certeza, são a minha Vida!
1 comentários on "Deus me ensinou a fotografar"
Perfeito!
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